Quando Miguel Poiares Maduro foi nomeado para este governo tive um sobressalto e estive quase a gritar: «Papá, conheço um ministro!» Por estranho que pareça, e apesar de já por cá andar há bastantes anos, não me foi dado falar alguma vez com qualquer outro membro do actual executivo, nem mesmo a nível de secretários de Estado ou, se não me engano, do batalhão de adjuntos e assessores – mundos paralelos ao meu, portanto.
Mas, antes de este blogue existir, MPM e eu escrevemos num outro de um amigo comum, o que deu origem a uma magnífica almoçarada que durou uma tarde, num belo dia de Sol, algures na costa alentejana. Já passaram uns anos, não me lembro do que falámos, mas fiquei com uma excelente impressão de uma pessoa simples, inteligente e culta. Daí o meu espanto ao vê-lo aceitar a pertença a uma governo como o actual e já em fase de acelerada decadência, apesar de o saber da mesma orientação política. Ao que veio não sei, daquilo a que está a ir parece-me resultar um falhanço já concretizado.
É certo que não há aspirinas nem pensos rápidos que salvem este governo (felizmente...), mas o que MPM ontem anunciou parece consubstanciar um disparate puro e duro: a partir da próxima semana, terá encontros diários (?!...) com a comunicação social para falar da governação. Levará pela mão outros ministros, se assim o entender, mas velará para que o governo fale a uma só voz.
Centralismo mais centralista é difícil de conceber, obediência ministerial generalizada é o objectivo em vista (mas paguemos para ver Paulo Portas, manso como um cordeiro, como segunda figura atrás de MPM...). Por outras palavras, já que o governo não consegue coesão interna, limitem-se os estragos calando divergências e inventando uma falsa unidade para português ver. E o português verá.
Tudo se resumirá a um maná precioso para jornalistas que tirarão pelo menos um sound bite de cada episódio diário da telenovela.
E a caravana continuará a passar.
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