(Centro de trabalho do PCP, 11/8/1975)
Victor Louro, ex-deputado do PCP, filho do historiador Victor de Sá, enviou a António José Seguro a seguinte mensagem, que divulgou no Facebook, e diz-se na expectativa de ver se o PS se demarca ou não.
Caro Dr. António José Seguro
Na sua qualidade de secretário-geral do Partido Socialista e deputado eleito pelo círculo de Braga, quero manifestar-lhe o meu veemente repúdio e a minha apreensão democrática pelo que está a passar-se, mais uma vez sob a batuta de gente do PS, relativamente à famigerada estátua do Cónego Melo.
Não estão em causa as suas opiniões ou tendências políticas - estamos em democracia. O que está em causa é ele ter sido responsável político pelo MDLP, movimento que espalhou o terror no Norte do País em 1975 contra militantes de Esquerda, contra sedes de partidos políticos de Esquerda, responsável pelo assassinato de cidadãos de Esquerda. A Democracia não pode homenagear pessoas deste jaez, porque o seu objectivo era exactamente destruir a Democracia.
Meu Pai, Victor de Sá, foi obrigado nessa altura (como antes houvera acontecido com a PIDE) a refugiar-se para não ser atacado - como foi atacada a sua livraria, à bala, como ainda hoje lá está visível.
Não é apenas Mesquita Machado quem está empenhado nesse acto, nessa afronta à Democracia e aos democratas, especialmente os bracarenses. O silêncio total dos responsáveis do PS, em especial do seu Secretário-Geral, tornam o PS objectivamente cúmplice dessa afronta.
O que pretendem com este acto, em que conseguem a proeza de estarem politicamente sozinhos ? O que os faz correr atrás da memória dessa figura tenebrosa, um dia se saberá. Mas, neste momento, é preciso, é urgente, que o líder do PS ponha cobro a mais esta tentativa desesperada, e respeite a memória daqueles que duramente e corajosamente se bateram contra o fascismo.
Haja vergonha. Haja respeito.
Saudações democráticas
Victor Louro
P.S. – Já em 2008, quando a Assembleia da República aprovou um voto de pesar pela morte do Cónego Melo, o mesmo Víctor Louro enviou uma carta, que então divulguei, ao grupo parlamentar do PS.
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2 comments:
Nesse tempo eu teria uns 10 anos e um dia cheguei a casa e a minha mãe estava atarefadíssima atafulhando a caixa do correio (era daquelas caixas metálicas instaladas no interior das portas) de jornais. Na altura não percebi o que se passava. Percebi-o uns dias depois quando o meu Pai ficou barricado na sede durante dias e noites no meio de tiroteios e a minhã Mãe desesperava.
JM
Comunistas? Sao democratas? Nah!
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