É difícil imaginar Bogotá em cenário bélico quando, há apenas alguns meses, vi uma cidade calmíssima, próspera, virada alegremente para um futuro prometedor, «a Atenas da América do Sul», como se classifica pela intensa vida cultural que tem. Se é verdade que, em certas regiões do interior do país, a presença da guerra às FARC era uma realidade bem visível (por exemplo, num estrada entre Cali e Popayan, havia tropa bem musculada, armada até aos dentes, com altas trincheiras), o ambiente geral era mais do que pacífico e a Praça Bolívar de Bogotá parecia ser apenas a morada natural do Museu do Ouro mais extraordinário que alguma vez visitei.
E, no entanto, é todo um país que está agora em estado de guerra porque os camponeses estão numa greve de protesto que já há dura há mais de 12 dias, por causa do preço elevadíssimo dos produtos agrícolas e da falta de apoios do governo à agricultura, que tornam inviável a produção nacional de bens tão básicos como arroz, batatas ou leite, em virtude de Tratados de Comércio livre, assinados com os Estados e outros países que subsidiam a sua própria produção.
O presidente Juan Manuel Santos reconheceu as razões do trabalhadores, fez algumas promessas mas sem resultado suficiente. Os protestos continuaram, estenderam-se a todo o país e foi ontem anunciada a militarização da capital depois dos distúrbios de quinta-feira durante uma marcha de apoio á greve e foram mobilizados 50.000 militares para garantirem a ordem no país.
(Informação mais detalhada aqui.)
A América Latina está sempre pronta para grandes ebulições. É mais uma vez o caso, agora no país do café e das esmeraldas, mas avançará: está virada para o futuro, não na defesa de passados gloriosos.
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