No Público de hoje, um texto (sem link) de Luís Reis Torgal a propósito no corte das pensões, que o governo prepara. Mas o que me realço é a introdução – que assino por baixo da primeira à última palavra.
«Recordo-me de uma conversa que tive uns dias antes das eleições que deram a maioria absoluta ao PS com um alto funcionário da Fundação Calouste Gulbenkian, onde fui conselheiro do Serviço de Ciência. Afirmei, perante a sua admiração, que era contra maiorias absolutas, fossem de que partido fossem. Uma maioria absoluta tende sempre para a afirmação de um Estado autoritário, senão totalitário. De resto, em alguns casos, foi através de eleições — é verdade que precedidas e acompanhadas de revoluções, com a demagogia e a violência que se seguiram às crises políticas, económicas e financeiras — que surgiram os fascismos nos anos 20 e 30. Não diremos que estamos à beira de um neofascismo europeu — a história, felizmente, nunca se repete, pois se não é uma linha recta, também não é um círculo, sendo a sua imagem de progresso, provavelmente, algo como uma espiral —, mas enfrentamos uma evidente fase de autoritarismo, correspondente a mais um malabarismo do capitalismo que sempre procura sobreviver e reafirmar-se. Nenhuma crítica magoa a consciência de quem governa (se é que existe crítica, que supõe a ideia de transgressão, e se é que existe consciência).»
(Com dedicatória à ideia fixa do PS e do seu insigne secretário-geral.)
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