«Se alguém sai diminuído desta recomposição [do governo] é o actual primeiro-ministro (...) sobretudo porque perdeu o seu ideólogo e o inspirador da essência do seu discurso. O técnico Vítor Gaspar falava, estabelecia e anunciava as políticas financeiras pela voz de Passos Coelho.
Ao perder esse apoio, aquele discurso ficou vazio; as ideias liberais conservadoras mantêm-se – a bravata de cumprir o MoU porque esse era o seu programa de governo! – mas o vazio revela-se no facto desse posicionamento ter deixado de ter substância (como ficou claro na carta de demissão de Gaspar). O primeiro-ministro não tem um discurso autónomo que suporte a ideologia que assume e defende. Daí esta mais que aparente transferência de liderança do Governo de Passos para Portas. (...)
A nossa dívida não pode ser paga nos termos e no tempo que foram ficando expressos nas sucessivas revisões do memorando: os nossos interlocutores não são os técnicos da troika. O reescalonamento da dívida compatível com o pagamento aos credores e com a permanência no euro exigem uma subida no patamar negocial. As negociações, que devemos desenvolver e a que temos direito, têm de ser feitas com e nos centros de poder comunitários: Conselho, Comissão e Parlamento. (...)
Temos, enfim, de encontrar, em Portugal e na UE, negociadores à altura.»
José Maria Brandão de Brito
(O link pode só funcionar mais tarde.)
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