«Pronto, acabou o Verão. Acabou a festinha do "novo Governo" e o fogo-de-artifício do fim da austeridade em que, talvez um dia saibamos porquê, Portas decidiu banhar-se. Voltámos ao ponto de onde na verdade nunca saímos sem que alguma vez tenhamos entrado de forma permanente: aos cortes na despesa do Estado. (...)
Intoleráveis são as excepções. É chocante assistir às excepções para os juízes (e diplomatas), que só acontecem porque os próprios juízes julgaram em causa própria e consideraram o corte ilegal (argumentando que as suas pensões seguem a evolução dos salários no activo). É inacreditável que quem decide justiça crie excepções para si que agravam a injustiça para todos. Será para agradar aos juízes do Constitucional?
Este corte das pensões no Estado recoloca a questão que a crise política doida de Julho ludibriou. Na tormenta da austeridade virá ainda o corte de todas as pensões (públicas e privadas) da TSU aceite "excepcionalmente" pelo "irrevogável" Portas, bem como as "inconsistências problemáticas" do cúmulo de tudo isto, dos impostos e do aumento da idade de reforma. E depois virão também os despedimentos na função pública e a harmonização das tabelas salariais, eufemismo para corte de salários. Em suma, aquilo que devia ser a reforma pensada do Estado e que é, apenas, a reforma apressada do Orçamento do Estado.»
Pedro Santos Guerreiro, no Negócios de hoje (sem link)
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