5.9.13

Demasiado para um só dia



O papa escreve uma carta a Putin que não quer intervenção na Síria pedindo-lhe que impeça a mesma, o Bloco de Esquerda retira (e muito bem) o apoio a uma das suas candidaturas porque ela era apoiada por um blogue com comentários xenófobos contra ciganos, Pedro Lomba diz que a importação de cérebros é também uma forma de reter os nossos cérebros para sair da crise e eu começo a não me sentir lá muito bem.
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7 comments:

Miguel disse...

Joana:
Relativamente ao caso da candidatura do BE em Elvas:
A primeira reacção do BE à denúncia do SOS Racismo foi a de "fingir" que nada se passava.
O eterno "coordenador" do BE de Portalegre (Paulo Cardoso), membro da UDP e da Mesa Nacional do BE, tentou "desvalorizar" aquela situação. Ontem, segundo o Público, estava incontactável.
Mas é preciso acrescentar o seguinte: aquela candidatura, tal como outras (lamentáveis, a vários títulos) do BE no distrito de Portalegre, foi apadrinhada, publicamente, por Catarina Martins. Nos jornais regionais há registo desse "apadrinhamento".
Na total ausência de implantação e conhecimento locais, o BE segue a mesma "táctica" de outros: "apadrinha" quem quer que seja, desde que para isso haja uma indicação das "estruturas locais", as quais são, quase sempre, puramente fictícias. É o caso da "concelhia" de Elvas.
Se não se tiver 2 pesos e 2 medidas, consoante os interesses tácticos, para quem conhece a realidade local e regional, este "caso" só tem uma leitura: a responsabilidade desta situação cabe por inteiro ao BE NACIONAL. E, no caso do distrito de Portalegre, muito me admirarei se não vierem a ocorrer mais "barracadas" do género.

Miguel Teotónio Pereira

Joana Lopes disse...

Miguel,

Julgo que este texto do DO põe o dedo na ferida. Abraço.

Miguel disse...

Joana:
Agradeço o envio o texto do DO. Todavia, ao contrário de ti, não julgo que ele ponha o dedo na ferida relativamente ao que é essencial: a responsabilidade do BE nacional.
No meu comentário, feito à pressa, o que pretendi realçar foi essa responsabilidade. E ela decorre, insisto, de dois factos conexos: 1 - a total ausência de implantação local e regional do BE, a qual , acrescento, é também consequência, entre outros factores (já lá vão 13 anos!), do enquistamento do BE nas suas raízes sectárias e novecentistas, e 2 - a irresponsabilidade dos órgãos nacionais do BE, ao mais alto nível, que passam cheques em branco a quem quer que seja, desde que esteja dispostos a empunhar a bandeirinha do partido.
Do ponto de vista sociológico, o texto do DO é irrepreensível; mas, do ponto de vista político, o que interessaria à esquerda seria perceber como tais "fenómenos" podem ocorrer num partido que se apresentou como a "esquerda nova". Essa "esquerda nova" é, de muitos pontos de vista, velhíssima, e o conservadorismo do PS e do PCP referido pelo DO é largamente mimetizado, nas posturas e no pensamento político, pelo BE.
No fundo, o que quis salientar foi que este caso não foi acidental, explicável pela atitude de um qualquer "tonto" perdido no portugal profundo. Este, e outros casos que porventura ocorrerão, é explicável em primeiríssima instância pelo carácter oportunista e aventureiro da "política", se assim se lhe pode chamar, autárquica do BE.
Seria interessante - e insisto neste ponto - inquirir a Catarina Martins por qual razão apadrinhou publicamente esta candidatura, à qual agora retira o apoio. E desmontar o filme mentiroso que agora se desenrola, o qual visa isolar este triste episódio no contexto local, a ele subtraindo a responsabilidade nacional, a qual há anos cauciona, por razões tácticas, uma "direcção" "regional" inepta, velha, sectária, aventureira e "eterna" (em casa de ferreiro, espeto de pau)
Ao contrário do que sugerem o comunicado do BE e o texto do DO, a DIRECÇÃO NACIONAL do BE não sai bem nesta fotografia. E, no caso da DIRECÇÃO NACIONAL do BE, é infame a forma como, agora, tentam, perante a opinião pública, lavar as mãos
relativamente a este caso.
Rezem para que - e estou a pensar no distrito de Portalegre - novos casos não ocorram. Já nem interessam (como, no fundo, nunca interessaram) os resultados eleitorais.
No meu comentário anterior, esqueci-me do abraço que sempre, sempre, com prazer te endereço. Ele vai agora a dobrar.

Miguel TP

maria disse...

http://www.esquerda.net/artigo/francisco-castelo-ser%C3%A1-candidato-em-elvas/29319
afinal apenas se retira a confiança política a um dos candidatos.
O Francisco Castelo continua...
Mas o blogue não era também de apoio à sua candidatura? Ele não tinha conhecimento das posições racistas do "camarada"?
Alguma coisa continua mal explicada...
Abraço

Joana Lopes disse...

Ainda não tinha lido esta posição do esquerda.net, mas não percebo o seu problema com o mesmo.
Tanto quanto percebi há uns dias, o blogue em questão era unipessoal, onde alguém, que agora se retirou da lista de candidatura à Assembleia Municipal, exprimia as suas posições individuais. Devem todos os candidatos a autarcas conhecer, a priori, as ideias de cada um de todos os outros? Talvez, num mundo ideal que não existe...

Miguel disse...

Bom dia Joana.
Peço desculpa, mas sou obrigado de novo a intervir.
Ao contrário do que se pensa, este caso já se arrasta há meses. Houve "denúncias" dentro do Bloco e ninguém ligou nenhuma, e "as estruturas" locais nada fizeram. Houve, portanto,muito tempo para se conhecerem as posições dos "camaradas".
Esta história está de facto muito mal contada, mas os dados que a permitiriam contar são escondidos por quem deveria assumir responsabilidades. Eu não sou do Bloco, e a partir daqui calar-me-ei. Mas acrescento que tenho conhecimento desses dados.
Apenas mais uma nota, referente à ultima frase do teu comentário. Sempre supus que é para criar mundos que não existem que trabalham os homens e mulheres de esquerda. Mas, mesmo atendo-nos ao mundo real, aquele que existe, deixa-me dizer o seguinte: sim, numa candidatura autárquica, os candidatos não terão que conhecer as ideias uns dos outros, SE essa candidatura for um arranjo de ultima hora, SE os candidatos praticamente não se conhecerem, SE não houver debate prévio, SE a candidatura não resultar de nenhum trabalho politico consistente, SE não houver a mínima capacidade de proposta politica concreta, em resumo, SE essa candidatura for politicamente inexistente e se se resumir a um arranjo de nomes "fisgados" à pressa. Porque, SE se verificarem aquelas condições, então sim, numa pequena autarquia como ELvas, os candidatos deverão conhecer as ideias uns dos outros, e não apenas as conhecerão como as terão debatido.
É precisamente este o ponto: este "caso" não acontece por acaso e é, muito mais do que parecerá à primeira vista, altamente revelador das inconsistências do "trabalho político" local e regional.
Abraço, Miguel

Joana Lopes disse...

Miguel, Obrigada pelo teu comentário. Estando a leste de tudo isso, e não sendo do Bloco, como sabes, fiz a única coisa que podia: fazer chegar os teus comentários anteriores à direcção do Bloco. E farei o mesmo com este. Abraço.