Desde que foram conhecidas, no Domingo à noite, as primeiras previsões quanto aos resultados do PCP nas eleições autárquicas, um batalhão de comentadores, encartados ou nem por isso, num vasto leque de gente que não votou nem nunca votaria naquele partido, e que se espalha desde a direita à esquerda mole, apressou-se a saudar a vitória em questão, sublinhando não só, nem tanto, o bom trabalho a nível autárquico, mas sobretudo o contributo positivo para controlar o protesto e para o manter «dentro do sistema». (Portugal não é a Grécia, Portugal não é a Grécia e o comunistas vão ajudar-nos a que continue a não ser!) Estou certa de que na Soeiro Pereira Gomes ou no Hotel Vitória ninguém terá feito mais do que encolher os ombros, desprezando o elogio, reaccionário a todos os títulos.
E, no entanto e bem pelo contrário, o «elogio» pode ser visto como uma crítica com razão de ser. Sendo o PCP o único partido português com implantação e verdadeira militância, constante e persistente, a nível nacional, segue o seu caminho, igual a si próprio e com sucesso, mas o preço a pagar tem sido um enquadramento por vezes demasiado rígido das formas de protesto, especialmente sentido através da influência decisiva que exerce na vida sindical, nem sempre adequado aos tempos que correm e que afasta muitos que com ele não se identificam.
Motivo mais do que decisivo para que este seu progresso seja complementado, à esquerda, por um esforço acrescido de outras organizações, partidárias ou não, que em iniciativas paralelas ou convergentes conforme as circunstâncias, não desperdicem este avanço do PCP e construam uma vasta plataforma mais forte de resistência e de luta.
É em tempo de guerra que se limpam as armas.
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