A Etiópia é um país muito extenso e tem por isso regiões com características muito diferentes. Por exemplo, se uma parte do Sul é ocupada por savanas e uma outra por bosques, aquela por onde tenho andado – algumas centenas de quilómetros entre Bahir Dar e Gondar, e respectivos arredores, – é verde, totalmente verde e lindíssima, com montes e vales bem cultivados (claramente, o celeiro do país) e milhares de cabeças de gado a que não faltam excelentes pastos.
Tudo é muito pobre, as casas são absolutamente rudimentares, pessoas e animais inundam as estradas e andam grandes distâncias a pé. (Conta-se como piada que os etíopes ganham tantas medalhas em maratonas, e não só, porque, desde crianças, se habituam a correr quilómetros para chegar à escola.)
Embora a Etiópia seja praticamente autossuficiente em termos alimentares tendo de importar muito pouco, tem falta de quase tudo o resto em infraestruturas e tecnologia. E aí é que as coisas se complicam, não só por problemas políticos num país que é governado há vinte e dois anos praticamente em regime de partido único, com as inevitáveis consequências em termos de corrupção, como pelo facto de a moeda nacional ser tão fraca que tudo o que tem de vir do exterior tem um peso difícil de suportar (face ao euro ou ao dólar, tudo aqui é tão barato que os preços correntes mais parecem gorjetas…).
Em todo o caso, aparentemente vai-se progredindo um pouco (por exemplo através de um interessante sistema de cooperativas) e, ao contrário dos seus vizinhos da Eritreia e da Somália, é raro que etíopes fujam por esta África acima para se afogarem às portas da Europa. O futuro dirá como tudo isto vai evoluir. Mas não será nada fácil.
(*) Este post foi escrito no dia 17 mas o hotel em que estava tinha a internet «avariada»…
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