Estes dois anúncios foram «pescados» hoje, no Facebook, e dizem muito do estado a que já chegámos. Se o primeiro só responsabiliza um cidadão anónimo (e não, não liguei para o telefone indicado para aprofundar a questão...), já o segundo, que NÃO É FORJADO, exigiria muitas explicações que não consegui encontrar na net.
Dos estágios não remunerados a trabalho «em regime de voluntariado» parece ter ido o passo de um anão.
P.S. – Tendo-se gerado discussão, no Facebook, a propósito da interpretação do segundo anúncio, decidi telefonar para a escola de Arouca. O anúncio é mesmo para trabalho voluntário e destina-se a aposentados. Ou seja: reformados a trabalharem de borla, em tarefas que seriam pagas a outros (que estarão provavelmente desempregados).
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4 comments:
Num mundo ideal todos seríamos voluntários em prover ao bem comum e assim satisfazermos as nossas necessidades. Mas esse mundo ainda não existe, logo, os estagiários não remunerados e os "voluntários à força" não passam do rosto de uma nova escravatura.
Não tenho elementos concretos para me pronunciar, sobretudo no que se refere ao estágio na loja. No entanto também acho que não devemos ficar pela superficialidade.
O que quero dizer é que, relativamente ao voluntariado, este tema carece duma discussão aprofundada e, se efectuada a sério envolvendo os argumentos possíveis, poderemos chegar a coisas tão distantes, que ficarão bem longe do que são as práticas actuais.
Para começar, não havendo verdades absolutas, deverão existir regras absolutas?
Por exemplo, utilizando um conceito comum (que também, por vezes, utilizo...) de que o trabalho voluntário rouba postos de trabalho remunerados, levaria, em termos absolutos, à interdição do trabalho voluntário, fosse este qual fosse, pois todas as tarefas deveriam ser remuneradas.
E, atendendo a que muito do trabalho voluntário é exercido por reformados ou aposentados, o resultado de tal interdicção, seria uma de duas opções: ou o reformado continuaria a exercer a actividade, deixando, portanto, de ser reformado, ou estaria interdicto de qualquer actividade.
Ou seja, só seriam admitidas reformas por incapacidade física de trabalhar ou, em alternativa, condenava-se o reformado à inacção!...
E por aí fora...
(Noutro registo: "anónimo" não é só quem não diz o nome, mas quem utiliza pseudónimos e avatares genéricos...).
Jorge,
Entendo o teu ponto de vista e sei que a questão não é simples. Mas, neste caso, não tenho dúvidas: dar aulas numa escola, pública ainda por cima, não deve ser trabalho de voluntários. É tarefa para professores pagos.
Sou regularmente solicitada para coisas desse tipo: dar aulas / acompanhar regularmente alunos em universidades. Há mesmo organizações com esse fim. Recuso sempre.
Mais: acho que o trabalho voluntário deve mesmo ter um raio de acção muito limitado.
O problema é que entre o "dever ser" e o "ser" ocorrem décadas, se não séculos...
Se não existirem práticas militantes em "prol de", nunca o Poder (local, nacional, mundial) voluntariamente tomará certas iniciativas que visem questões como a luta pelos direitos, a cidadania, a solidariedade, o desenvolvimento, a democracia, enfim!...
E muito menos à luz dos actuais conceitos assentes no individualismo, na rentabilidade financeira, no liberalismo económico, na economia de mercado, etc....
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