... cá dentro, foram os dias que passei lá fora – umas quatro semanas ao todo, mais dia menos dia.
Lamento ter desiludido os fãs do dr. Cavaco (que los hay...), aqueles que corresponderam ao seu apelo de passar férias intramuros para melhorar o PIB português, mas nunca tive vocação para esvaziar o mar como uma simples concha, para além de o meu patriotismo já ter tido melhores dias.
Se numa primeira curta escapadela não passei da Catalunha (e, sim, gostei muito de ver e rever Gaudí), e se numa segunda decidi conhecer a Escócia que não me encantou (excepção feita para Edimburgo), foi sem dúvida a Etiópia que marcou o meu ano de 2013.
Fiquei «prisioneira», não há um único dia em que não pense que gostava de conhecer melhor, muito melhor, esse país e as suas gentes, tão diferentes de tudo o que tinha visto até então. Enquanto lá estive escrevi alguns textos (*), apressados porque o tempo era escasso, incompletos por falta de engenho e arte.
Desse país extensíssimo (o segundo de África), percorri apenas algumas centenas de quilómetros onde quase tudo é totalmente verde e fértil, com montes e vales bem cultivados (o celeiro etíope) e milhares de cabeças de gado que tornam o país praticamente autossuficiente em termos de alimentação. Mas falta tudo o resto e a pobreza é portanto extrema, as estradas e muitas outras infraestruturas são quase inexistentes ou muito rudimentares. Como mais do que rudimentares são os instrumentos usados na agricultura, numa terra onde «quem trabalha são as mulheres e os burros» – burros que são mesmo um ícone, tão grande é a sua quantidade, tão importantes as funções que exercem como meio de transporte de pessoas e de mercadorias.
Mas não há só paisagem, há também um povo altivo, orgulhoso da sua etnia («a Norte temos os árabes, a Sul os negros, nós estamos no meio»...), do facto de nunca ter sido colonizado e da sua História e das suas lendas sem fronteiras muito distintas.
E depois há a Cidade Imperial de Gondar e, acima de tudo, as igrejas de Lalibela! Não há palavras que possam dar uma ideia, mesmo aproximada, do que são esses doze templos, escavados na rocha e em muitos casos ligadas por túneis, distribuídos por dois conjuntos separados por um rio, estando fisicamente afastado o décimo primeiro: último a ser construído e o mais espectacular, com a sua forma em cruz, enterrado, e com quinze metros de altura.
Fico por aqui, mas com um conselho: se querem ver mesmo tudo isto e muito mais, não percam um excelente documentário – Mar das Índias, os terraços de Prestes João –, magnificamente apresentado por Miguel Portas. Não perderão o vosso tempo.
(*) Se se clicar, no fim deste post, na Label ETIÓPIA, eles aparecem todos.
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