29.1.14

O Tempo e o Modo



Nasceu há 51 anos, em 29 de Janeiro de 1963. Alguns (cada vez menos, infelizmente..) recordarão a importância que teve o lançamento desta revista como plataforma de diálogo possível, à esquerda, em tempos de censura, na sociedade portuguesa daquele início da década de 60.

António Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Nuno Bragança, Alberto Vaz da Silva e Mário Murteira, todos católicos, concretizaram um projecto que, desde o seu início, foi aberto à colaboração de não crentes, o que hoje parece absolutamente trivial, mas que esteve longe de o ser e foi mesmo objecto de uma votação. Não resisto a resumir o que então se passou: antes de a dita votação se efectuar, foi rezada uma Avé-Maria para que o Espírito Santo iluminasse os presentes e a decisão, pela positiva, foi tomada por cinco votos a favor e dois contra, o que permitiu que tivessem sido colaboradores, desde o início, Mário Soares, Salgado Zenha, Jorge Sampaio e Sottomayor Cardia, entre outros. Este episódio, hoje dificilmente compreensível, revela bem o peso da mentalidade então vigente e a importância histórica dos que contra ela lutavam – «abertura» passou a ser um dos sinais de marca de O Tempo e o Modo.

Em 1964, por ocasião do primeiro aniversário da revista, António Alçada Baptista comentou, bem à sua maneira: «O Tempo e o Modo pretendeu ser essa mesa onde as pessoas se conheceram e à volta da qual alguns se quiseram sentar. Depois, e à mesma mesa sentados, acharam que era possível falar. Conversados, reconheceram que muitas preocupações lhes eram comuns e que, talvez, ao tentarem resolvê-las, o poderiam fazer em equipa.» (O Tempo e o Modo, nº 12, Janeiro de 1964, p. 1.)

Foi longa e atribulada a história da revista (publicada entre 1963 e 1977, em duas séries).
A ler: O Tempo e o Modo, 50 anos depois

(A totalidade do conteúdo da revista está disponível em dvd (dois exemplares, uma para cada série) e pode ser comprada na Fundação Mário Soares.)
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