6.2.14

Revolução conservadora – o regresso



«Revogação do direito à interrupção voluntária da gravidez por livre decisão da mulher em Espanha. Novas manifestações em França contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. Legislação homofóbica na Rússia e na Hungria. Em Portugal, tentativa de levar a referendo o direito à coadoção por casais do mesmo sexo. Avanço das direitas religiosas nas Américas, apostadas em reverter legislação favorável ao direito de a mulher decidir sobre o seu corpo e a impedir quaisquer novas mudanças na conceção legal de família.

Que fantasma é este que percorre sociedades em que se vive um profundo mal-estar social, quer quando provocado pela desigual distribuição de nova riqueza, ou pelo agravamento brutal da miséria nas economias, como a nossa, sujeitas a formas renovadas de abuso e exploração? (...)

Identidade em vez de liberdade, invenção da tradição em vez de discussão racional dos problemas, moral em vez de política. No centenário da I Guerra Mundial e da inauguração da era do massacre, estamos a regressar à revolução conservadora que se começou a preparar nos anos que a precederam. Retoma-se o discurso rançoso de um sentido eterno da vida que se diz resultar da natureza, movido pela mesma rejeição do racionalismo que tomou conta dos antidemocratas de há cem anos. (...) Estes reacionários de todas as cores (...) são os mesmos que há cem anos se lançaram contra a emancipação dos judeus e das minorias religiosas e étnicas, abrindo caminho direto para o fascismo e a perseguição racista.»

Manuel Loff
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