«Nada mudou desde o tempo em que Eça de Queiroz colocou Cohen (ou melhor, Henry de Burnay), a dizer que a ocupação de qualquer Governo era cíclica em Portugal: “cobrar o imposto” e “fazer o empréstimo”. A isso poderia acrescentar-se: pagar os juros e a dívida.
É devido a esta herança de séculos que Portugal está quase sempre com os freios na boca: cavalga para onde o mandam. Quem detém a dívida, cobra o juro e impõe as ordens. Face a isso a ocupação favorita da classe política é descobrir o culpado. Como se cada um não tivesse a sua dose de culpa na normal aplicação do cianeto da austeridade aos portugueses. (...)
O que interessa aos credores é que Portugal continue a ser um cliente certo. Mesmo que pague a tardes e más horas. Mesmo que abdiquem de parte da dívida, desde que os juros compensem o risco. O resto é fogo-de-artifício político para entreter aqueles que realmente são chacinados com os impostos que pagam os desvarios políticos: os portugueses.»
Fernando Sobral, no Negócios.
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