Depois de uma noite pouco dormida, um balanço telegráfico do dia de ontem, que foi terrível, para os europeus em geral e para os portugueses em particular, por vários tipos de motivos:
1 – O nível de abstenção mostrou um elevadíssimo grau de desinteresse e de protesto, num momento crucial para a Europa e para Portugal.
2 – A subida da extrema direita em vários países, nomeadamente mas não só em França, é uma verdadeira ameaça para a democracia, cujas consequências ainda nem conseguimos imaginar.
3 – Por cá, a derrota da Aliança Portugal e do PS (sim, não é gralha), mantendo no entanto, em conjunto, 59% dos votos, vem inscrever no horizonte uma alternância suave ou uma grande coligação ao centro, sem qualquer esperança em algo de verdadeiramente bom e decisivo para os portugueses. Embora 59% seja menos do que o habitual, ainda não foi desta que o nosso «centrão» implodiu eleitoralmente, como já foi o caso, por exemplo, na Grécia e em Espanha.
4 – Quanto aos outros, Marinho Pinto foi a surpresa e o grande vitorioso (mas nem atribuo ao facto a importância que muitos estão a atribuir, nem o considero um papão que vá comer criancinhas em Bruxelas), não me torna especialmente feliz o crescimento da CDU (por motivos que não cabem num balanço telegráfico) e o Bloco bem pode arrumar as ideias e a casa, rapidamente e em força (se será capaz de o fazer, isso já é uma outra questão).
Portanto, e em suma, 25 de Maio de 2014 fica como um marco bastante negro no calendário das nossas vidas. E vêm aí dias de facas longas.
4 comments:
"Quase" totalmente de acordo!...
O "quase" que falta para o totalmente de acordo vem de alguns sinais de inconformismo (pela esquerda)que nos chegam de alguns países do sul da Europa. O Syriza, claro, mas o ainda pouco definido Podemos espanhol, com os seus 5 eurodeputados eleitos e o Italia com Tsipas, que acho que também elegeu eurodeputados.
Sinais, fracos, Jorge, excepto no caso do Syrisa. E todas as razões para que Portugal não continuasse neste marasmo, sem fim à vista.
Sinais não muito fortes, é verdade, mas, no caso do Podemos, há que referir que teve 1 milhão e 200 mil votos, ou seja, mais 100 mil que o PS português...
Outros sinais não dispiciendos são os resultados absolutos da direita no PE: o PPE perdeu pelo menos 54 eurodeputados e o ECR perdeu 15. Mesmo o ALDE, do Guy "Qualquercoisa" perdeu 10.
Os únicos que ganham deputados são o GUE/NGL (12), o S&D (9) e os Verdes (3). E, claro, a extrema direita (muitos)...
Em Portugal restam-nos (poucas) pessoas, como a Mariza, que acham que é tempo de reformular o BE e a esquerda.
Absolutamente de acordo Jorge Conceição! Um outro nível de discussão é se a esquerda algum dia se poderá reunir / coligar / entender numa qualquer frente com capacidade de futuro!
Fernando Mota
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