«Da mesma forma que nunca existiu verdadeiramente uma "saída à irlandesa", também não temos agora uma saída à portuguesa: tratou-se simplesmente de uma saída «à europeia», que resulta antes de tudo, da vontade dos credores em pôr fim ao atual modelo de intervenção, sendo claro que não existe a vontade política necessária para construir soluções estruturalmente mais sólidas e diferentes das atuais.
Ora era justamente desse tipo de soluções que Portugal e a periferia da zona euro precisavam, no sentido de reduzirem os encargos da dívida para patamares compatíveis com níveis de crescimento realistas e correspondente trajetória orçamental. (...)
Atribuir a melhoria dos mercados financeiros a uma evolução dos fundamentais económicos (e não a um simples processo de competição de aplicação de liquidez) e defender uma estratégia económica em que voltamos a ficar na sua total dependência pode ser muita coisa, mas não é a "saída certa" para nada.
Neste momento precisávamos de condições para enfrentar os bloqueios fundamentais - de funcionamento da zona euro e da economia portuguesa. Infelizmente, empurrado pelos seus parceiros europeus e pela miopia eleitoral dos partidos do governo, a partir de agora Portugal ficará na situação do trapezista pouco preparado, que inicia a travessia, de um longo e fundo desfiladeiro. À mercê das circunstâncias. E sem rede.»
Fernando Medina
(O link pode só funcionar mais tarde.)
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