«Houve um tempo em que foi criada uma lei que proibia os portugueses de andar descalços. A multa era de 2$50. Uns sapatos custavam menos do que dois escudos e cinquenta centavos, mas quem andava descalço não ganhava o suficiente para os comprar.
Portugal de hoje não é tão pobre. Mas centenas de milhar de portugueses já não têm qualquer salário ou apoio estatal. A austeridade foi o soro milagroso que nos foi vendido como a forma de asfixiar a dívida e o défice. Os equívocos estão à vista: a dívida é cada vez maior, o Estado continua a aumentar as despesas, as exportações mostram sinais de cansaço.
A Europa parece uma prisão de devedores e Portugal não tem acesso à chave para fugir dela. Face a este descalabro a única certeza dos portugueses é que os impostos vão continuar a aumentar. Até ao dia em que trabalhar deixará de ser uma opção, porque não valerá a pena. (...)
Só falta nascer um imposto sobre quem anda calçado.»
Fernando Sobral
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2 comments:
Joana,
o "só falta um imposto sobre quem anda calçado" é certeiro. Mas a observação talvez fosse mais perspicaz ainda, acrescentando que tal imposto deveria logicamente ser completado por uma coima ou "corte suplementar" (é sempre possível nos apoios sociais) sobre quem anda descalço.
Abraço
miguel(sp)
Miguel,
Isso seria regressar muito depressa ao antigamente: há que ir devagar!
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