Leio com perplexidade os resultados de um trabalho de auditores do Tribunal de Contas (TC), noticiados hoje no Público. Se há recomendações razoáveis, por exemplo relacionadas com diminuição do peso administrativo no trabalho dos clínicos, aquela que vem resumida no parágrafo que a imagem mostra deixa-me boquiaberta.
Eu não sei se um médico de família deve gastar, em média, 1, 11 ou 21 minutos com cada doente. Mas o que não me parece é que os técnicos do TC tenham mais competência do que eu para se pronunciarem sobre durações de consultas e apontarem 15 minutos (se for considerado «razoável»...), apenas para chegarem a um número simpático: quase mais 10,7 milhões de consultas. É tudo assim tão simples? Então eu ajudo: se em vez de 15 forem apenas 7,5 minutos, teremos mais 21,4 milhões de encontros, embora breves, entre doentes e médicos de família. O número destes passará então a ser excessivo e muitos poderão alimentar o fluxo da nossa emigração qualificada.
Esta silly season está mesmo perigosa!
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2 comments:
A estupidez burocrática levada ao mais alto grau. Falo como médico, retirado. Se me impusessem isto, era certa a minha desobediência.
O mal é que haverá muitos médicos cúmplices, para verem mais doentes e serem melhor gratificados ou avaliados.
Qualquer médico atesta a falta de bom senso dos srs juízes em muito menos tempo do que isso.
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