Nasceu em Montevideu, em 3 de Setembro de 1940, quis ser jogador de futebol, mas acabou como escritor com mais de 40 livros publicados.
Andou a fugir de ditaduras: em 1973 foi preso depois do golpe militar no seu país, exilou-se na Argentina, mas com o golpe militar de Jorge Videla, em 1976, viu o seu nome colocado na lista dos «esquadrões da morte» e partiu para Espanha. Só 9 anos mais tarde regressou à cidade que o viu nascer e onde ainda hoje vive.
Para a data de hoje, escreveu esta página em Os filhos dos dias, publicado em 2012. Ia assim o mundo no dia em que nasceu.
Dois textos, dos muitos já divulgados neste blogue:
Janela para o espelho
Escorre o sol e leva os restos das sombras deixados pela noite.
As carroças puxadas por cavalos recolhem, de porta em porta, o lixo.
No ar, a aranha estende os seus fios de baba.
Parafuso caminha pelas ruas de Melo. Na aldeia, é tido por louco.
Leva um espelho na mão e vê-se nele com uma expressão fechada.
Não tira os olhos do espelho.
- O que está a fazer, Parafuso?
- Estou aqui, responde. A controlar o inimigo.
In As Palavras Andantes
Sistema/1
Os funcionários não funcionam. Os políticos falam mas não dizem. Os votantes votam mas não escolhem. Os meios de informação desinformam. Os centros de ensino ensinam a ignorar. Os juízes condenam as vítimas. Os militares estão em guerra contra os seus compatriotas. Os polícias não combatem os crimes, porque estão ocupados a cometê-los.
As bancarrotas são socializadas, os lucros são privatizados.
O dinheiro é mais livre que as pessoas. As pessoas estão ao serviço das coisas.
In O livro dos abraços
E um vídeo, para meditação no tempo que passa:
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