«A implosão de um sector central do Estado, o da segurança (a começar pelo SEF e pelo SIS), mostra que Portugal, hoje, se pode disfarçar de John Wayne, mas as suas pistolas são de plástico.
Nunca, como agora, foi tão notório o colapso estrutural do Estado português e isso temos de agradecê-lo a Pedro Passos Coelho e ao seu clube de iluminados. Eles quiseram fazer do País, à boleia da troika e da austeridade, um condomínio liberal que seria exemplo para o mundo.
O resultado é hoje uma terra de ninguém, onde desapareceu a segurança no Estado, em que tudo parece estar à venda (das empresas à moral), onde o futuro é todos os dias uma incógnita. Passos Coelho e o seu Governo criaram um sítio balcanizado, onde todos desconfiam de todos, em que todos (em nome da fuga ao fisco) são polícias de todos, em que a luta por um emprego acima do salário mínimo é um salto social. (...)
A incapacidade de fazer uma remodelação séria, o último fogo-de-artifício possível, foi desprezada pelo primeiro-ministro. Ele não guia um Titanic: pilota um caça suicida. Talvez por isso parte do PSD esteja em pânico, ciente de que a questão não é perder as eleições: será a forma como elas serão perdidas e o custo futuro que terão. O PSD está habituado a imolar os seus anteriores líderes com rigor sacramental. Mas o legado de Passos Coelho será mais difícil de varrer. É difícil esquecer a destruição de um País.»
Fernando Sobral
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