«Quando se candidatou, em 1980, a presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan começou por perguntar aos americanos se eles estavam piores do que em 1976.
Os eleitores não hesitaram, depois de porem as mãos nos bolsos. Os amendoins saborosos prometidos por Jimmy Carter tinham minguado e, por isso, votaram em Reagan. No próximo ano será essa a questão fulcral que deverá decidir as eleições.
Sentem-se os portugueses melhores ou piores desde a chegada da troika, da política de austeridade, dos impostos frenéticos e da destruição do contrato social que garantia alguma segurança na sociedade? Cada um terá a sua resposta. (...)
A chamada "desvalorização interna" não se ficou pelos custos do trabalho. Transformou a sociedade num pântano com menos oportunidades, mais pobre, com menos mobilidade social. Nenhum Pai Natal nem nenhum mágico consegue modificar este sentimento de que Portugal regrediu para um mundo que julgávamos perdido, entre as décadas de 1950 e 1960, antes da democratização do ensino, da saúde, da cultura. Onde só o nome contava. Onde só os conhecimentos pessoais importam. Onde a fronteira do dinheiro é uma nova cortina de ferro. O país mudou? Claramente. Mas está mais pobre. E sobretudo mais frustrado, mais intransigente, mais mesquinho. Ronald Reagan tinha razão. Temos de perguntar: estamos melhor ou pior do que em 2011?»
Fernando Sobral
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