«Há dias em que a coligação governamental parece ter vergonha de si própria. Olha-se ao espelho e não consegue ser como Dorian Gray: as rugas vêem-se à distância. Talvez por isso, entre a pressa de alguns e a prudência de outros, a coligação para as eleições de 2015 esteja à espera numa caixa de costura. (...)
O PP gere o tempo: cada dia a menos de coligação é menos um dia de compromisso. (...) Portas, que já engoliu muitos elefantes nesta coligação, sabe que os próximos meses vão ser tão estratégicos como saber mover pedras num tabuleiro de xadrez. Não se quer comprometer demasiado com jogadas que não possam ter alternativas. A começar pela elaboração de um programa rígido comum e terminando na escolha do perfil do candidato a PR (que será sempre "mais PSD").
Portas segue Bismarck, que acertadamente, dava lições políticas: "Um estadista não pode criar nada. Tem de esperar e ficar à escuta até ouvir os passos de Deus ecoando pelos acontecimentos, para depois, de um salto, se agarrar às Suas vestes". E esses passos ainda não se escutam.»
Fernando Sobral
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