Fui à farmácia e saí de lá com meia dúzia de medicamentos, num saco de papel, escorregadio e sem asas. Resultado: umas tantas caixas espalhadas pela rua dois minutos depois – a bem da ecologia e do fisco.
Foi então que me lembrei da menina Etelvina que sempre viveu numa vila do nosso Oeste, até aos 93 anos, e que se lamentava porque já ninguém lhe vendia 50 gramas de manteiga amarela em embrulho de papel vegetal, nem 1/2 quilo de açúcar em cartuxo pardo. Odiava sacos de plástico e seria hoje uma mulher feliz, se lhe explicassem que os seus compatriotas a tinham finalmente compreendido.
Desde as 0:00 horas de 15 de Fevereiro de 2015, os portugueses tornaram-se, repentina e simultaneamente, os maiores defensores do ambiente que imaginar se possa e mais do que convencidos de que mais vale poupar dez cêntimos no supermercado do que investir em Certificados de Aforro ou em acções do BPI.
Nas filas dos supermercados, o espectáculo é maravilhoso: uma farfalhuda alface a ser enfiada na carteira de uma senhora, trolleys de viagem enormes com três ou quatro compras dentro, saquinhos de pano com cheiro a naftalina e, claro, embalagens plastificadas de todos os tamanhos e feitios.
Nada contra, antes pelo contrário, e sempre há um novo assunto de conversa durante alguns dias. «Tem de ser, não é?» É, sim, porque não há povo mais cordato do que o nosso.
.
0 comments:
Enviar um comentário