«Sempre pensei que a nossa presença no festival Eurovisão da Canção fosse o momento máximo de vergonha a que um português pode ser submetido, em termos de visibilidade europeia. Mas não. Mil vezes a participação da Tonicha em Dublin, em 1971, do que a da Maria Luís, em Bruxelas, em 2015. (...)
Maria Luís era vista como alguém que queria ir além da troika e ser mais alemão do que os alemães, e quem melhor do que os alemães para o afirmarem. A edição online do jornal alemão Die Welt não deixava dúvidas e, numa tradução mais fácil do que a de grego, afirmava que "Maria Luís Albuquerque terá pedido, pessoalmente, a Schäuble, para ser duro com os gregos". Ou seja, chegámos ao ponto em que a nossa Maria Luís chamou piegas aos alemães - "ai, se eu estivesse no lugar dessa coração de manteiga da Merkel...". Um dia destes, o síndrome de Estocolmo vai dar lugar ao síndrome de Massamá. (...)
A nossa presença na UE faz lembrar o tempo da monarquia francesa, quando havia um indivíduo cuja única função era limpar o rabo ao rei, depois de o rei fazer as necessidades. Era um lugar de prestígio, dentro dos mais desprestigiados. Feita a comparação, isto do bom aluno e do exemplo, no fundo, é como se Schäuble dissesse à UE: "Fiquem sabendo que Portugal limpa esfíncteres como poucos".
Infelizmente, tanto passar de pano, de nada serviu. A Comissão Europeia resolveu pôr Portugal sob vigilância. A Comissão Europeia colocou Portugal sob vigilância provavelmente porque acha que ninguém pode ser assim tão bom aluno. Parecendo que não, os professores desconfiam, sempre, de quem engraxa muito.»
João Quadros
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