«As sociedades ocidentais foram ocupadas por térmitas enquanto os seus proprietários estavam comodamente sentados a ver telenovelas e entretidos com "smartphones". E estão a soçobrar, entre o canto das sereias que pedem frugalidade e prometem segurança e a implosão do contrato social onde assentava a democracia ocidental dos dois últimos séculos.
Mas ninguém está seguro neste mundo onde os políticos foram atirados para o papel de gestores e se conformaram com isso. Por isso as eleições são catástrofes anunciadas: o PSOE ganha na Andaluzia ao PP que está no poder central, o PS francês submerge entre a quase vitória de Marine Le Pen e o regresso das trevas de Nicolas Sarkozy. Pelo caminho, o centro político esvai-se, com a erupção de forças políticas vindas do nada e que garantem a bandeira do descontentamento, do fim da paciência e da ausência de destino.
São tempos estranhos estes, em que Maria Luís Albuquerque anuncia um país de "cofres cheios" e de almas e bolsos vazios (nem nisso o Governo consegue ser ideologicamente tão sólido como o de Thatcher). Os cofres estão cheios à custa de impostos, daqueles que Passos Coelho se esqueceu de pagar e dos que cabem escondidos em listas VIP cercadas por uma muralha de aço criada por um milagre. Mas, sobretudo, de impostos que o comum mortal ou paga ou é penhorado.»
Fernando Sobral
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