«Um grupo de 12 economistas fez, a pedido do PS, um conjunto de propostas económicas para os próximos quatro anos. (...)
Durante anos, ouvimos dizer que não existia alternativa. Confesso que, quando este Governo – e a comunicação social em geral – veio dizer que não havia alternativa, foi o maior desgosto que já tive desde que descobri que não existia Pai Natal. Sempre pensei que havia, algures por aí, uma alternativa escondida num bosque de cogumelos altos à espera de ser encontrada. Tinha razão. Afinal, havia outra. (...)
A alternativa é um animal com uma capacidade de multiplicação extraordinária, até em cativeiro, pois a este novo casal de alternativas, podemos, agora, juntar todas aquelas alternativas, que não eram alternativa, porque eram demasiado alternativas para um país que não tinha alternativa. Essas alternativas deixaram, assim, de ser demasiado alternativas, uma vez que passou a haver uma alternativa que as torna menos alternativas, se comparadas com a não existência de alternativa; que é agora, também, ela própria, apenas, mais uma alternativa. Fui claro? Claro.
Posto isto, percebe-se a reacção dos partidos da maioria e do Governo. Passar a ser apenas mais uma alternativa, onde antes eram lei, é uma despromoção que causa incómodo. Compreende-se que venham reagir antes de ler a proposta porque, para eles, a proposta não existe. Não pode existir, porque não há alternativa. Nem que a alternativa aparecesse em cima de uma árvore, tendo como testemunhas três pastorinhos, eles acreditavam na sua existência.»
João Quadros
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