Passar o Rubicão, ou o programa do PS. (Francisco Louçã)
«Onde é ideológico, mostra um entusiasmo pela soluções liberais para o “mercado de trabalho” que o PS nunca tinha expressado.
Abandona a ideia do Estado estratego, reforça o primado do mercado nas escolhas sociais. Diz ao que vem. Onde é concreto, confirma essa ideologia:
- Abandona qualquer ideia de reestruturação da dívida soberana,
- Ignora as sugestões anteriores do PS sobre a “leitura inteligente” do Tratado Orçamental e recusa uma intervenção para o corrigir ou ajustar,
- Ignora a questão da estabilidade e confiança no sistema de crédito e da consistência dos balanços dos bancos,
- Garante a continuidade das políticas de trabalho do governos das direitas, rejeitando a devolução de direitos retirados,
- Recusa a decisão do Tribunal Constitucional, adiando a reconstituição de salários e pensões,
- Propõe a redução do valor real das pensões em 8%, excepto das pensões mínimas,
- Indica o aumento da idade da reforma, de modo não especificado,
- Conduz à redução da remuneração média por trabalhador em 7%.
- Não define uma escolha sobre a privatização da TAP.»
Vamos fazer o que ainda não foi feito? (José M. Castro Caldas)
«Uma reestruturação, essa sim inteligente, da dívida permitiria aliviar a restrição orçamental não só para repor salários e pensões, mas para recuperar a administração pública da sangria de trabalhadores a que tem sido sujeita, estimular o investimento público e privado e criar emprego. A reestruturação permitiria respirar e crescer e até garantir um orçamento suficiente (isto é, não dependente do financiamento externo). Mas para isso era preciso um governo que não se limitasse a ir a Bruxelas, como o Governo tem feito e como o PS agora parece querer fazer, de braços caídos, conformado com o que parece ser uma armadilha de betão.»
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