24.4.15

Recordar a Arménia, no centenário do início do genocídio



Do primeiro genocídio do século XX, resultou quase um milhão e meio de mortos, deportações e milhares e milhares de fugitivos. Na noite de 24 de Abril de 1915, foram detidas e deportadas para a parte Leste do país mais de 200 personalidades («políticos» e «intelectuais»), acontecimento que passou a ser simbolicamente considerado como o início do massacre.

O processo foi aqui diferente do adoptado mais tarde pelos nazis, já que a limpeza étnica não se baseou em teorias raciais. Por exemplo, dezenas de milhares de mulheres e crianças foram raptadas e adoptadas por famílias muçulmanas e depois convertidas.

Famílias inteiras fugiram, dispersando-se primeiro pelas terras mais próximas e depois um pouco por
todo o mundo. O país tem ainda hoje uma vastíssima diáspora que sonha, maioritariamente, em regressar a casa e reconstruir a «Grande Arménia». Registo um caso particular com que lidei quando passei uns dias nessas magníficas e sofridas paragens: a guia que acompanhou o grupo em que me integrei, muito jovem, era iraniana / arménia e os avós escaparam por um fio ao Genocídio. Fugiram com a família, andaram pela Rússia e acabaram por se instalar no Irão. Multiplicaram e os descendentes por lá se mantêm, sonhando com a possibilidade de regressarem à terra dos antepassados, que querem ajudar a reconstruir. Não é fácil para todos, mas foi o que esta neta já fez: guia e intérprete de espanhol em Teerão, foi deixando de ter trabalho por diminuição de visitantes àquelas paragens (por razões óbvias) e aproveitou o movimento inverso de desenvolvimento do turismo na Arménia. Uma irmã já se lhe juntou e espera que mais possam «regressar» a uma espécie de terra prometida – é assim que a sentem.

Charles Aznavour, nascido em França mas filhos de emigrantes arménios, verdadeiro herói nacional, canta em honra dos que «caíram» nesta terrível fase histórica de barbárie:



P.S. – A foto que está a meio do post é do monumento comemorativo do 50º aniversário do Genocídio, que vi em Echmiazin.
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