Nasci portuguesa de segunda, numa rua com acácias vermelhas, que nunca esqueci.
Sem qualquer consciência do que significava ser filha de colonos, achando perfeitamente normal que o mainato Fabião estivesse sempre por perto, 24 horas por dia, excepto durante algumas, poucas, nas tardes de Domingo, em que desaparecia através do canavial que separava os quintais dos moradias nem sei exactamente de quê. Sem estranhar que só houvesse meninos brancos na escola, a decorar nomes de estações e apeadeiros da linha do Norte de um Portugal desconhecido, também os afluentes do Dão, e com a árvore de Natal posta numa varanda mas enfeitada com flocos de neve. Com a Polana como praia civilizada e o Palmar ainda totalmente deserto.
Fui «retornada» bem antes do tempo de outros, odiei Lisboa – cinzenta, tacanha e suja – mas por cá fiquei, nem sei se para o bem ou se para o mal.
Hoje, a terra que vi quando cheguei a este mundo comemora 40 anos de independência. Carrega um passado duro, espero que tenha pela frente um belo futuro. Como belo é este hino de que tanto gosto.
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