«No momento em que escrevo a crónica, o acordo com a Grécia foi para prolongamento. (...) As reuniões decisivas do Eurogrupo, para acordo com o governo grego, já ultrapassaram o número de comissões do caso Camarate. (...)
Por mais estranho que possa parecer, o recuo do Syriza numa negociação - onde é suposto as partes recuarem até a uma fronteira comum - transformou-se numa chatice, porque foi o louco que teve juízo. Os radicais recuaram, os conciliadores não mexeram uma palha. Restava, portanto, o habitual discurso de voz grossa feito por castrados. Para a comunicação social e para o governo, houve um recuo completo. Varoufakis saiu da reunião na lambreta do Pedro Mota Soares e, antes de sair, terá proposto, à Comissão Europeia, cortar nas pensões mais baixas para comprar gravatas. Tsipras já terá aparecido de laço. (...)
A Grécia está para esta gente como puto ranhoso do grupo. Se partem a jarra da sala, mesmo que ele lá não esteja, a culpa só pode ter sido do puto. Os adultos como o Schäuble ou a Lagarde (que não paga impostos e é suspeita num caso de fraude e corrupção no caso Tapie) jamais seriam capazes de uma patifaria como, por exemplo, querer derrubar o governo grego. Até porque, se isso fosse verdade, a CE, se quisesse, podia sempre apelar ao golpe de Estado, como na Ucrânia.
Claro que tudo isto nada nos diz. Para nós, se a Grécia sair do euro, é peanuts, como dizia o nosso PM. Passos garantiu que podemos resistir à saída da Grécia do euro porque temos os cofres cheios, de uma moeda que pode correr o risco de desaparecer. Já tive um cofre cheio de pastilhas Gorila que me davam de troco na mercearia. Depois tentei comprar a mercearia com pastilhas mas não tive sucesso. Por tudo o que tenho ouvido, nestes últimos dias, parece-me que Portugal tem os cofres cheios de medo. Não é para menos.»
João Quadros
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