«A julgar pelo que se vai lendo nos jornais e vendo nas televisões a propósito do esboço de OE2016, Portugal está à beira de uma situação dramática: ou o governo "bate o pé" a Bruxelas (tornando-se num caso tipo Syriza do início de 2015); ou cede às pressões de Bruxelas e o governo cai por divergências à esquerda (tipo Syriza pós-Verão de 2015). É uma hipótese. A outra é que a comunicação social se tenha habituado a viver num registo de dramatização permanente e que a resolução da situação seja menos extremada do que parece.
A mim, a troca de mensagens entre o governo e a Comissão Europeia soa a coreografia previamente ensaiada. Não imagino que o governo socialista tenha avançado com este esboço de OE sem saber à partida como iria reagir a Comissão. Também não estou a ver o PS a preparar-se para um confronto com Bruxelas, nem a deitar por terra a solução de governo alcançada há dois meses. A ser assim, vejo dois desfechos possíveis (e não mutuamente exclusivos) para este aparente impasse: ou está em preparação um acordo político de nível europeu, que acautela não apenas a situação portuguesa mas a de outros países em condições semelhantes; ou o governo revê o OE2016, reduzindo o défice estrutural previsto através de medidas que não contradizem os acordos à esquerda.
Não precisaremos de esperar muito para tirar isto a limpo. Até lá, não vale a pena aderirmos acriticamente ao estado de excitação reinante.»
Ricardo Paes Mamede no Facebook
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