Em reacção à Constituição que Salazar começou a preparar desde que chegou ao poder, em 5 de Julho de 1932, e que acabou por ser promulgada em Abril de 1933, à criação da polícia política (PVDE) e à legislação que neutralizou as organizações operárias, fascizando os sindicatos, gerou-se um amplo movimento operário que, depois de alguns acidentes de percurso, culminou na convocação de uma «Greve Geral Revolucionária» para 18 de Janeiro de 1934.
Porque na véspera a PVDE prendeu alguns dos principais responsáveis e activistas, o impacto foi menor do que esperado. Apesar disso, explodiu uma bomba no Poço do Bispo em Lisboa, na noite de 17, e o caminho-de-ferro foi cortado em Xabregas, em Coimbra, explodiram duas bombas na central eléctrica e houve movimentações em diversos outros pontos do país (Leiria, Barreiro, Almada, Sines e Silves). A mais significativa deu-se na Marinha Grande, onde grupos de operários ocuparam o posto da GNR, os edifícios da Câmara Municipal e dos CTT.
Mas a repressão foi forte e uma das suas decisões concretizou-se na criação de uma colónia penal no Tarrafal, para onde acabaram por seguir, em 1936, muitos dos detidos do 18 de Janeiro. Nove acabaram por lá morrer.
Estes acontecimentos puseram fim a décadas de sindicalismo livre, apesar de todos os condicionalismos persecutórios. Além disso, o falhanço que constituíram e a repressão que se seguiu liquidaram a liderança do movimento operário pelo anarco-sindicalismo.
Conselho de leitura: Fátima Patriarca - O «18 de Janeiro»: uma proposta de releitura.
[Republicação]
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