«O país que voltou a discutir política e deixou, por momentos, a hegemónica ideologia da economia como língua franca, dividiu-se. Entre a maioria que deixou de o ser e uma outra que, de forma minoritária (o PS), ocupou o poder com apoio de outra maioria. (…)
Mas o certo é que o país continua muito vulnerável, entre uma dívida impagável e uma corrupção latente, que os sucessivos "casos bancários" apenas realçam. Continuam por responder as questões que efectivamente importam: quem somos, onde estamos, para onde vamos? É isso que não se tem debatido na campanha para as presidenciais, transformadas numa telenovela televisiva e num deserto de ideias. E é isso, também, que os partidos que continuam a dividir a maioria dos votos continuam a não discutir, seja por medo de se olhar ao espelho, seja por não compreender que fenómenos como o da pulverização espanhola poderão um dia destes chegar a Portugal de forma violenta e inesperada.
É certo que o futuro deste recanto continua a estar dependente do que a União Europeia decide (ou não decide), numa altura em que os seus problemas parecem não terminar. E onde todos, por uma razão ou por outra, já ignoram o que diz Bruxelas ou, mesmo, Berlim. Vive-se num clima de salada russa que um dia destes terá de dar lugar a algo mais claro e límpido. Seja aqui, seja na Europa que se diz uma união e que parece antes uma desunião pouco organizada.»
Fernando Sobral
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