«Vemos muitos pretensos membros da nossa elite a esperar que a União Europeia use um cadafalso para colocar na ordem quem ponha em causa os sacrossantos princípios da austeridade vigente que até os próprios Estados Unidos criticam às claras. A decisão política de Bruxelas (por causa do referendo britânico e das eleições espanholas - um favor do PPE ao seu colega Rajoy), e a incapacidade de sancionar Alemanha ou França pelos seus incumprimentos do Pacto de estabilidade, mostram também o ambiente em que Portugal está. Bruxelas deseja agora mais cortes na saúde, talvez na senda do pavor que se tornou o sector na Grécia nos últimos tempos, em que nem dinheiro para comprar seringas novas existe. É claro que o governo português, até pelo equilíbrio que tem de fazer para manter a maioria parlamentar, resvala algumas vezes para ilusões de óptica. Como é o caso das 35 horas, em que o que Mário Centeno sabe ser impossível, António Costa vem dizer que é possível. Arménio Carlos continua a viver (tal como Ana Avoila) no mundo das maravilhas, em que a máquina de imprimir dinheiro é controlada pelo departamento bolchevique na Fábrica de Dinheiro. Nada disso é real.
Portugal está, como sempre, numa encruzilhada e com os pés em terreno minado. Tudo continua a ser um Festival da Eurovisão em versão lusitana, por motivos político-partidários e interesses mais sombrios que se vão desenrolando independentemente do que se decide. O certo é que o desemprego persiste, a classe média está mais pobre, o investimento (interno ou externo) não existe, Angola e China deixaram de puxar pelas exportações e Bruxelas espera a sua vez. Continua a faltar um projecto político, económico e social para Portugal. Credível. E esse é o nosso grande problema.»
Fernando Sobral
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2 comments:
Boa tarde e boa sorte, Virgílio A. P. Machado.
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