«Foi Isaac Newton que estabeleceu as três leis do movimento. Ou seja, as leias da inércia, da dinâmica e da acção e reacção. No fundo, a maçã de Newton não cai porque está madura ou porque fez vento, mas porque foi atraída pela força da gravidade.
As leis da física explicam muito do sucesso dos políticos nos tempos que correm. Sabemos pois que a inércia não resolve problemas, que a dinâmica tem a ver com a quantidade força necessária para que alguém escute o que um líder diz e que se um corpo exerce uma força sobre o outro, esse acaba por exercer a mesma força em sentido contrário sobre o primeiro. O problema do CDS, desde o adeus de Paulo Portas, é que depois de um início auspicioso para Assunção Cristas, pela notória simpatia com que os media a tratam, começa a notar-se um período de ocaso. Como se Assunção tivesse perdido o sapato de Cinderela e esteja com dificuldades em voltar a encontrá-lo. Não é fácil suceder a Portas e Assunção, mesmo que tente, não tem a elasticidade para conseguir tornar memoráveis frases, mesmo que elas estejam desprovidas de conteúdo real.
Portas era um alquimista. Assunção é uma funcionária da gramática. Por isso a sua voz esgota-se no teclar de frases feitas. E, assim, o CDS não vai lá. Passos Coelho, é certo, deu uma ajuda, porque o seu discurso parece uma fotocópia mal feita do que já dizia no passado, mas agora o CDS tem de pensar em conquistar um espaço autónomo. Preparando as autárquicas. Ora o que se vê em Assunção é uma ausência de dinâmica que faz com que a mensagem do CDS pareça um tambor sempre com o mesmo ritmo de batida. E depois há os erros (a forma como geriu a ida de Hélder Amaral a Luanda) e os erros cometidos como ministra da Agricultura que hoje qualquer acção gere uma reacção sobre a sua política no sector. Não basta dizer que a economia tem um crescimento "anémico" para que alguém escute Assunção. E dentro do CDS já há quem tenha percebido isso. A maçã não cai por si só. Há que colhê-la. E Assunção ou se movimenta ou cai.»
Fernando Sobral
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