9.6.17

E agora a França



Com o rescaldo da «vitória» de Mrs May, o futebol de hoje, os afectos de Marcelo no 10 de Junho, aquém e além-mar, o longo fim de semana (sobretudo para os lisboetas que fazem ponte para o Santo António), o reduzido número de gentes com menos de 50 e tal, que lêem francês, a primeira volta das legislativas francesas, que tem lugar no Domingo, arrisca-se a passar para décimo plano. E, no entanto, considero que será um acontecimento muito importante, não só para os franceses mas para a Europa – e para nós também.

Estão a sair os resultados de várias sondagens, realizadas nos últimos dias, e não parece haver grandes surpresas em perspectiva: o movimento de Macron será o grande vencedor, mais do que provavelmente com maioria absoluta e faz dó olhar para o gráfico que mostra as previsões para a composição da futura Assembleia Nacional (para a primeira volta, claro que haverá diferenças depois da segunda): repare-se na pequena «fatia» ocupada por France Insoumise / PCF e PSF… Tudo o resto é direita, pura e dura – na França dos sonhos molhados de parte da vida de muitos de nós!

Um outro dado preocupante diz respeito à previsão de uma elevadíssima abstenção (48%) com especial incidência nas classes populares (56%) e nas camadas mais jovens, entre os 18 e os 24 anos (65%).

Triste França, pobre Europa! 
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1 comments:

Niet disse...

Monsieur Hollande deixou uma heranca impossivel: driblado por Macron em toda a linha de enganos e falsas-expectativas forjados pelo novo PR ;inepto e incapaz ao ter deixado um Ps laminado à espera de uma refundacao radical, mas com Martine Aubry a demarcar-se já de Hamon; um partido de extrema-direita ameacador e uma situacäo económica estrutural muito inquietante. Resta a voz e a combatividade de Mélenchon que hoje no canal BFM/RMC( via youtube) disse alto e bom som que Macron atenta contra as liberdades fundamentais inscrevendo os estigmas do estado de excepcao sine-die na legislacäo do poder de Estado, e indica alarmado que, com a projectada revisäo celerada do Código de Trabalho, o lider do En Marche tentará fazer regressar a vida operária e social aos mais tenebrosos contornos de miséria e fome da época do liberalismo coevo dos finais do séc.XIX. De salientar, que foi um jornal do grupo de luxo Louis Vuiton- o Le Pariseen - que desvendou publicamente anteontem o conteúdo de choque do anteprojecto governamental para a revisäo total do código do trabalho. Claro, Mélenchon disse imediatamente que se tudo se postar como o governo o quer impôr, ele apelará a descida à rua das vitimas do renovado processo de exploracao sem disfarce nem limites.