Leio que a SIBS está à venda e não fico admirada: mais um dos nossos anéis, que se vai, alguém o comprará, como já todos os outros foram comprados. Ficam-nos os dedos e com eles continuaremos a digitar códigos, operações cada vez mais sofisticadas e a recolher uns tantos euros.
Mas este «anel» é-me especialmente próximo e não consigo deixar de recuar umas décadas, até aos anos em que surgiram em Portugal as primeiras caixas Multibanco – mais precisamente a 1984, quando se preparava o sistema que viria a arrancar em Setembro de 1985 (com 12 terminais, nas cidades de Lisboa e Porto). Nem tento descrever a complexidade do que estava em causa, quando o uso do que hoje é quase tão trivial como o mais elementar electrodomésico era então fruto de pioneirismo puro e duro - que resultou, fazendo de Portugal um indiscutível caso de sucesso a nível internacional, louvado e visitado.
Eu coordenava então na IBM uma equipe de técnicos, que, em conjunto com os da SIBS, desenvolviam o software necessário para que o projecto se concretizasse. E repito que nem tento resumir a dificuldade do mesmo e os problemas que foram ultrapassados. Mas recordo um, quase anedótico, que nunca mais esqueci. Na fase de testes finais de um grupo de máquinas ATM, realizados já nem me lembro em que país, a nota de 1.000 escudos com D. Maria II não «passava», as máquinas não a reconheciam, sem que se conseguisse identificar o motivo. Foram necessários muitos dias, julgo que semanas, para que o problema fosse resolvido (e já nem me lembro como o foi). Fiquei sempre a olhar de esguelha para a dita nota – mas onde é que ela já vai, com os míseros 5 euros que hoje valeria…
Os «anõezinhos» dos anos 80 (nome simpático pelo qual ficaram conhecidas as misteriosas máquinas, tão inteligentes que havia quem acreditasse que tinham dentro um homem pequenino…) cresceram, estão bem e recomendam-se. Os seus donos passarão a ser chineses, americanos ou coreanos. Who cares?!
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