«Donald Trump acredita que o Sol gira à volta dos EUA. Ou melhor, que gira em volta da Torre Trump. E como, dentro desta, é possível criar um ambiente artificial, com ar condicionado, isso é igualmente possível em todo o mundo.
Não é, mas como Trump vive na Idade Média do pensamento, quando se acreditava que o Sol girava à volta da Terra, tudo é possível. Afinal os pequenos neurónios de Trump são uma espécie de bolas de "flippers": atiram-se e acertam onde calha. Sabe-se que a retirada dos Acordos de Paris é um logro. Desde logo económico. Porque, neste momento, as indústrias limpas nos EUA já geram o dobro dos empregos das ligadas ao carvão. Portanto a teimosia de Trump tem a ver com outras razões. Uma é acreditar que os EUA vivem sem o mundo. E que este não pode viver sem Washington. Outra é que tudo é um "negócio". Mas, como se sabe, neste planeta nem tudo é um "reality show" nem os acordos para construir uma Torre Trump. (…)
Há outra coisa mais grave ainda: a cerimónia de Trump foi digna de um congresso de Kim Jong-un. Havia na plateia aplausos e a seguir à declaração de Trump um ser qualquer veio dizer que ele era o guia redentor. Na Coreia do Norte não se faz melhor. O problema é que esta decisão de Trump é o reflexo de uma concepção ideológica mais vasta, onde o populismo e a pós-democracia se abraçam. Findo o contrato social sobram pessoas e ideias assim. Assustadoras.»
Fernando Sobral
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