5.1.18

Dia de Reis explicado aos republicanos



«Gostava de começar o ano com um tema leve e fresco e que não ofende ninguém. Vou tentar, prometo.

Amanhã é Dia de Reis e eu tenho uma especial predilecção pelos Reis Magos. À partida identifico-me com gente que chega atrasada. Em relação aos Reis Magos, muita gente ainda se questiona por que raio é que eles traziam aquelas prendas parvas: ouro, incenso, e mirra. E a mirra, ainda por cima, nem sequer era da Chico.

Como é óbvio, as ofertas não era apenas estas, havia muito mais prendas. Ninguém faz milhares de quilómetros de camelo, a olhar para uma estrela, para levar incenso a um recém-nascido.

Além das prendas que eles entregaram, na lista de ofertas, havia ainda: trinta faisões estufados, seis lampreias de ovos, uma dúzia de sapateiras, etc. Tudo coisas que se estragavam, e como eles se atrasaram, acabaram eles por comer tudo, em vez de se estragar.

Supostamente, os nomes das criaturas eram: Gaspar, Baltazar e Melchior. E nesta altura surge sempre a dúvida, qual deles é o negro? É o Baltazar. Eu arranjei uma maneira fácil de decorar: O negro é o que acaba em -azar.

O Dia de Reis é muito importante para os espanhóis. Em Espanha, os miúdos só amanhã é que recebem os presentes. Já os nossos destruíram os deles, ainda os outros não receberam. O mundo é injusto.

Voltando aos Reis Magos, dizem os estudiosos de pessoas que oferecem mirra a crianças que as relíquias dos Magos foram transportadas para Constantinopla, e de lá passaram para Milão, de onde, depois foram transladados para Colónia, em cuja catedral são até hoje veneradas. Agora que já sabem onde estão os restos dos Reis Magos, não há desculpa para não darem um salto a Colónia nem que seja para depositar uma coroa de flores e um cheque incenso/mirra no túmulo onde estão partes do que outrora foram os bonitos Reis Magos dos vossos presépios.

Os camelos também lá estão, porque os Reis perderam-se no caminho para casa, e ficaram sem nada e tiveram de comer os camelos. Por azar, aquilo até nem eram camelos. Eram dromedários. Camelos árabes. Que, infelizmente, têm só uma bossa o que dá logo para menos picanha. Mas da cauda faz-se uma sopa de rabo de camelo que vai muito bem com areia.

Adeus e cuidado porque andam por aí pessoas que se escondem dentro do bolo-rei, no lugar da fava, e que, durante a noite, quando estamos a dormir, assaltam as casas. Pelo sim pelo não, é melhor não comprar bolo-rei em sítios esquisitos. Fiquem-se pelo bolo-rei tradicional das bombas de gasolina.

Até para a semana, e deixo aqui um aviso importante de fim de festas: não abandonem as vossas árvores de Natal perto de casa, levem-nas para longe, senão, depois, vão dar com elas a arranharem a porta de casa a quererem voltar. Está bem?

Bom ano.»

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