11.2.18

Tempo de congressos



«A Primavera é a estação do renascimento. Até para os partidos, que têm sempre mais dificuldade em respirar oxigénio renovado, porque geralmente preferem o ar condicionado onde se reproduzem as ideias bolorentas onde gostam de viver.

Vêm aí, como borboletas primaveris, os congressos do PSD, do CDS e do PS. Uns serão mais apelativos do que outros. Mas nenhum será como o do PSD, no qual será entronizado Rui Rio como o líder que poderá descobrir o caminho marítimo para o poder. É um projecto político de dificuldade extrema. Um alpinismo trepidante em busca do tecto do mundo. Regressar ao poder é hoje, para o PSD, como conquistar o Everest. É a mais alta montanha do mundo e, lá em cima, está António Costa com os seus sherpas económicos. Mas o PSD necessita de tentar. Afastando-se do seu legado austeritário que lançou Passos Coelho no abismo. Tentando criar um discurso de futuro, de esperança e de optimismo. Algo que o PSD tinha renegado, no seu frenesim de tentar perceber se ainda era social-democrata ou liberal versão Singapura. O grande cimento ideológico do PSD foi sempre não ter uma ideologia clara. Tinha um projecto de poder. Isso chegava-lhe. Agora já não é suficiente, entre projectos mais sólidos como os do PS e do CDS.

Escalar o Everest não se adivinha fácil. É um percurso de alto risco, já que todos sabem que não é fácil chegar ao pico nem, depois, voltar a descer para consolidar os feitos. E, lá em cima, todos intuem que não há espaço para todos. Ao contrário de outros tempos, esta escalada tem o perigo de se converter numa excursão. Porque ainda não são visíveis as linhas de um projecto galvanizador para a sociedade portuguesa. Ou Rui Rio tem-no escondido nos bolsos ou ainda anda em busca dele num quadro de "onde está Wally?". Para voltar ao poder o PSD tem de ter uma equipa forte e ideias envolventes. Não basta seguir a espuma dos dias das redes sociais para disparar sobre o Governo. Afinal mais do que o futuro do PSD o que está em jogo é o futuro de todos.»

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