26.9.19

Memória dos sítios e História: a propósito do Estado Novo e sua museologia



A questão do «Museu de Salazar» (chamem-lhe o que quiserem, será sempre isto) não está esquecida. Miriam Halpern Pereira, que foi directora do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, manifesta-se, hoje, no Público:

«É no edifício da ex-Escola-Cantina Salazar, sediada junto à antiga casa do ditador, em Vimieiro, concelho de Santa Comba Dão, que se tem vindo a propor a instalação de um centro interpretativo do Estado Novo. Mais tarde, os objectos ligados à memória pessoal do ditador seriam expostos na casa onde nasceu, facilmente transformada em lugar de romagem política. Ambos os edifícios ficam próximos, na Av. Dr. António Oliveira Salazar. (…)

Estamos bem posicionados para avançar com uma musealização do Estado Novo. A questão que se coloca é a sua topografia. Há necessidade de outra dimensão. Um museu ou centro interpretativo sobre o Estado Novo, e não sobre Salazar, não deve estar ligado a um sítio de memória. Isto conduz-me a levantar uma questão mais ampla, a necessidade de um museu de História de Portugal. Os principais países europeus têm este tipo de museu, que se encontra sediado nas suas capitais. (…)

Porventura, poderíamos também nós ter evocado criticamente a institucionalização do Estado Novo nesse ano, se tivéssemos um museu dedicado à História de Portugal. Num país com parcos recursos, não se devem multiplicar os museus históricos de âmbito nacional, cada um referente à sua época. É tempo de pensar nisso.»
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