Vasco Lourenço pôs o ponto nos is:
«A questão a colocar é simples: quem foram os verdadeiros Pais da Democracia? Os partidos políticos e consequentemente os seus líderes, ou o MFA e os que o compunham, ou seja os Capitães de Abril? A resposta parece-me simples: o MFA, naturalmente!" (…)
O Capitão de Abril diz que "basta lembrar que após o 11 de Março de 1975 era o próprio CDS, através de Freitas do Amaral que defendia o adiamento das eleições, porque 'o povo português não está preparado para isso' e foi o MFA que as impôs, cumprindo a sua promessa de as realizar no prazo máximo de um ano!".
Vasco Lourenço conclui que várias vezes assistiu à reação de Mário Soares, "inequivocamente o mais carismático dos quatro Pais da Democracia civis", quando o tratavam por 'Pai da Democracia': "Não, eu não sou o Pai da Democracia! Os verdadeiros Pais da Democracia são os Capitães de Abril!"»
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2 comments:
A "democracia", que extravasou a dimensão meramente "político/eleitoral" das revoluções liberais conduzidas pela burguesia ascendente no século XIX na sequências das Revoluções Americana e Francesa do século XVIII, é um processo colectivo resultante de avanços e recuos na luta dos povos e dos trabalhadores. Essa luta poderá ter líderes, mas em relação às movimentações que se seguiram ao 25 de Abril, o MFA ou os que se crismam de "Capitães de Abril" como tal nada lideraram mas dividiram-se em várias facções, umas fascistas, outras reaccionárias, outras revolucionárias com projectos diferentes, radicalmente antagónicos, em "aliança" com as classes ou as camadas socias e os partidos ou movimentos políticos e sociais com que se identificavam. O MFA enquanto tal não liderou o que quer que seja, foi um simples detonador e pai de coisíssima alguma. O MFA inicialmente era apenas um "Movimento de Capitães" que por sugestão não inocente do General Spínola se passou a chamar "Movimento das Forças Armadas", cuja heterogeneidade ficou bem patente na formação da 1ª Junta de Salvação Nacional, do Capital, entenda-se.liderada por Spínola.
Sim, Mário Soares, que pretendia transformar a Assembleia Constituinte em Assembleia não Constituinte, que conspirou para que não fosse promulgada a Constituição de 1976, que pediu a intervenção estrangeira para "esmagar" o que ele apelidava de "Comuna de Lisboa", que em aliança com o PPD/PSD e o CDS cindiram o movimento dos trabalhadores com a criação dessa coisa que se chama UGT, com o propósito confessado de "quebrar a espinha à Intersindical", que confessou em alentada entrevista por escrito nunca ter defendido o socialismo, sendo tudo arte e manha para que o eleitorado votasse no PS, é pai duma "democracia". A "democracia" resultante do 25 de Novembro,i que uniu os "nove", o PS, o PPD/PSD e o CDS/PP. a troika interna que subjugada à `União Europeia" do Capital pediu a intervenção dos organismos financeiros internacionais, adversários da União Europeia dos Trabalhadores e em prol destes.
Felizmente que o sector hegemónico do MFA era clara e objectivamente de Esquerda, e mesmo com frutuosos entrismos de elementos mais esquerdistas do que os militantes dos partidos da mouvance democrática e republicana. Victor Nogueira deve estar de acordo comigo. Quanto a Freitas, o sr. tinha casado vivia a paz dos justos entre Sintra e a Qta. da Marinha...E tinha um estratego absolutamente maquiavelico, intimo de Marcelo,
Adelino Amaro da Costa, que conseguia atingir tudo o que os outros das suas bandas näo se atreviam a exigir dos valorosos capitäes de Abril. Depois do 25 de Novembro foi um regalo para esses "democratas " de águas turvas e compromissos vergonhosos.Se Cavaco aprovou a reforma para Rosa Casaco, ou lá quem era, a seguir subscreve a ida por um ano de Freitas para a ONU. E isso foi um clic emocionante para se ver o homem do loden estilo bávaro a rivalizar com Soares nas suas piadolas de saläo depois do séjour de New York...Niet
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