Nem sonho em condenar todas as lutas para que os mais pobres dos pobres tenham aumentos, mesmo quando estes me parecem migalhas, mas é de outros que quero falar.
Tenho neste momento alguns velhos amigos, também velhos em idade, que não contribuem para qualquer estatística de pobreza, que trabalharam a vida inteira, que até têm cursos superiores, que recebem pensões ou reformas razoáveis para o país que temos mas que nunca são aumentadas, e que, no entanto, vivem os últimos anos de vida angustiados e, pior ainda, humilhados.
Nos casos em que estou a pensar, e que me são próximos, trata-se de pessoas que viveram bem, mas que a vida foi deixando sozinhas, algumas sem filhos, outras que os têm, mas mais ou menos afectivamente longínquos ou com pouca capacidade financeira. Que, quando têm alta de um hospital não têm para onde ir por não serem suficientemente pobres nem minimamente ricas e que só possuem euros para acabar os seus dias em lares de terceira categoria, onde não podem permitir-se o «luxo» de não partilhar um quarto com mais uma, duas ou mesmo três pessoas. Que não têm dinheiro para cuidar decentemente da saúde quando precisam de próteses, de cadeiras de rodas ou mesmo de certos medicamentos. Ou que só vêem isto tudo minimizado quando uma lista de amigos decide quotizar-se e contribuir mensalmente com alguma mais do que merecida ESMOLA – que não mata a humilhação.
.
0 comments:
Enviar um comentário