Gabriel Garcia Márquez faria hoje 93 anos e morreu há seis. Foi certamente um dos escritores da minha vida e, durante muitos anos, respondia à tal pergunta parva sobre o livro preferido entre todos referindo Cien años de soledad. Em espanhol, sim, porque não esperei pela tradução para o ler, assim que saiu em 1967. Não sei se foi o «melhor livro escrito em castelhano desde Quixote», como terá dito Pablo Neruda, mas foi certamente um marco.
Pelo caminho, ficaram Os Funerais da Mamãe Grande, O Outono do Patriarca, O Amor nos Tempos de Cólera e muitos outros. Até que, em 2002, me precipitei de novo para a primeira edição, em espanhol, de Vivir para contarla, relato romanceado das memórias da infância e juventude de GGM. A prometida continuação nunca veio (o que foi anunciado como um primeiro volume pára em meados da década de 50). Releio hoje o que escreveu como epígrafe do livro: «La vida no es la que uno vivió, sino la que recuerda y cómo la recuerda para contarla.»
Foi nesta cama dos avós, em Aracataca, que veio ao mundo. Estive lá em 2012, sempre à espera de encontrar algum membro da família Buendía ao virar de uma esquina, um qualquer José Arcádio ou um dos muitos Aurelianos… Foi em Aracataca que se inspirou para criar a mítica aldeia de Macondo, de Cem anos de solidão.
Em rigorosa «peregrinação», fiz um desvio de dezenas de quilómetros para chegar a essa localidade, hoje com 45.000 habitantes, feia e infelizmente desmazelada, que não honra como devia o que de mais importante deu ao mundo (a não ser pela boa conservação precisamente na moradia em que «Gabo» nasceu,
actualmente transformada num pequeno museu que justifica, sem dúvida, a deslocação e a visita).
actualmente transformada num pequeno museu que justifica, sem dúvida, a deslocação e a visita).
«Gabo» foi pela última vez a Aracataca em 2007, para uma tripla comemoração: dos seus 80 anos, do 40º aniversário da publicação de Cem anos de solidão e do 25º da atribuição do Nobel da Literatura.
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No Notícias Magazine de 28.04.2013, Ricardo J. Rodrigues publicou uma belíssima crónica sobre a estadia de Gabriel García Márquez em Lisboa, em Junho de 1975, o que pensou, por onde andou, com quem esteve. O texto está online e merece leitura.
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