- Estamos a ligar-lhe para a Holanda, onde vive parte do ano. Deixe-me perguntar como está a viver este momento de confinamento e como vê a pandemia de Covid-19?
- O confinamento já não me assusta coisa nenhuma, e o vírus também não me assusta. Se vier, vem, se me matar, matou. Não me importa. O que me assusta enormemente, de um modo que me tira a respiração, é a maneira como, em todo o mundo, os cidadãos aceitam a falta de liberdade. Se um dia destes um governo anunciar que há um enorme perigo e que vem aí outro vírus, as pessoas dizem adeus à liberdade, não querem saber de nada! É um medo tão estranho. As pessoas saíram de si, e não pensam no futuro, nem nada, nem numa tragédia que pode ser uma ditadura. Perdemos a liberdade em três ou quatro dias e ninguém se queixa. Eu fico assustado. Isso para mim é tão estranho e tão fora do natural, que me pergunto se o mundo endoideceu?! E tenho medo, acredite que tenho medo!
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1 comments:
Aqui está uma posição que não entendo. Este é o tipo de posição que eu gostava, sem ironia, que alguém me explicasse como se eu fosse mesmo muito estúpida. Devíamos o quê? Dizer que somos livres e que não queremos cá saber de vírus? Que não nos confinamos porque isso é perder a liberdade? Manifestar-nos, bem apertadinhos uns contra os outros, pelo direito de continuamos a fazer a vida normal, a encher autocarros de gente apertada como sardinhas em lata, salas de aula cheias até à porta,e quando os casos de covid dispararem acusamos o governo de nada ter feito?
Palavra, só me lembra um cartoon que vi há dias com uma fileira de peixes a sufocarem fora do aquário, em manifestação, com cartazes a dizer «My choice» e «You can't keep us in».
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