«Não é apenas o ar maternal e bem-intencionado da ministra Mariana Vieira da Silva, nas conferências de imprensa após as reuniões do Conselho de Ministros, que sugere o título. É mesmo o jogo que o governo está a fazer com os portugueses nos últimos meses em nome da nossa saúde.
A cada duas semanas a governante vem dizer-nos que afinal vamos ficar mais um bocadinho confinados, ou que o comércio vai fechar mais um bocadinho, ou que temos de ir mais cedo para casa... Qual prepotente "mamã" do recreio que mandava dar dois passos à caranguejo e punha o contrariado miúdo a andar para trás, deixando-o mais longe da linha final.
Entretanto, o comércio e todos nós assim vamos ficando... mais longe de qualquer possibilidade de recuperarmos de uma crise que vai tomando proporções astronómicas.
É indesmentível que o número de infetados está a aumentar, mas se calhar convém (muito) olhar para o número de casos graves e (essencialmente) para o número de mortes.
É preciso aprender a viver com a covid, porque a cura ou erradicação não se divisa no horizonte. Se é um facto que vacinação não impede o contágio, apenas a doença grave (por isso o PM foi mandado ficar em isolamento apesar de estar "duplamente vacinado"), então mude-se o chip.
Relativamente ao comércio, sim, imponha-se distanciamento e medidas de proteção, fiscalize-se lotações máximas mas, por favor, deixe-se os negócios trabalhar nos seus horários plenos.
O que está em causa é a vida de pessoas que apenas querem, precisam, de trabalhar para viver. Que precisam de ganhar o seu sustento.
E por falar em sustento ¬- e isto não é nada de novo, mas convém referir uma e outra vez - que esta fiscalização chegue também aos transportes, pois o governo está sempre tão preocupado em mandar fechar os espaços privados, mas pouco ou nada faz para resolver os problemas dos comboios e autocarros (a maioria públicos) que andam sobrelotados por quem não pode, simplesmente, fazer o "obrigatório" teletrabalho.
Curiosamente, a partir desta sexta-feira às 11 da noite, o automóvel privado com uma única pessoa lá dentro - do tipo que só quer dar uma volta para espairecer a tola por estar enclausurado - está "proibido" de circular, enquanto o comboio da linha de Sintra empacotado das 6h30 já não tem qualquer problema...
Mas claro que está tudo certo. Assim é tudo mais simples: andamo-nos a vacinar e, no fim, ficamos todos de portas fechadas e em recolhimento obrigatório à mesma.
Isto faz algum sentido?»
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