29.7.21

Para onde fomos?

 


«Não está certo. Uma pessoa vira as costas e, de repente, faltam 213.286 portugueses. E, logo por azar, nos sectores que fazem mais falta.

Sou do tempo em que dizíamos que Portugal tinha 11 milhões de habitantes, mais coisa, menos coisa. Toda a gente sabia que não era mais coisa, que era menos, mas não fazia diferença, por haver tanta gente.

Depois, tivemos de bater a bolinha mais baixo e dizer que éramos 10 milhões e meio. Este “meio” era pindérico. Os países com populações decentes não dizem que têm 60 ou 120 milhões “e meio”.

O “meio” denunciava o nosso complexo de inferioridade. Fazíamos questão de esclarecer que não éramos apenas dez milhões, ó não, nem pensar, ora acrescenta lá mais quinhentos mil tugas, se fizeres favor.

Agora é um pesadelo. O melhor é mudar de assunto mas, caso alguém insista em perguntar, teremos de baixar a voz e dizer que somos “dez milhões”, resistindo absolutamente à tentação de acrescentar “e quase 350 mil”.

Note-se que, como lisboeta e veraneante algarvio, enxoto qualquer responsabilidade neste descalabro. Tanto Lisboa como o Algarve conseguiram aumentar substancialmente o número de portugueses. Em Lisboa lográmos atrair quase 50.000 e no Algarve apanharam mais 16.489.

Cada um desses portugueses custou-nos caro. Para cada um nascer, foi preciso apresentar pessoas, escolher a música certa e esperar que chegassem a vias de facto. Mas, cada vez que morria alguém, lá estávamos nós a telefonar da maternidade, a dizer que tinha sido encontrado um substituto.

E ainda pudemos pôr alguns de parte, para compensar as asneiradas do Alentejo (menos 6,9 %), da Madeira (6,2 %), do Centro (4,3%), dos Açores (4,1%) e do Norte (2,7%), mal adivinhando que não iria chegar para as encomendas.»

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1 comments:

" R y k @ r d o " disse...

Em 2022 haverão mais pessoas. A Pandemia e o confinamento têm que servir para alguma coisa, lol
Comprimentos