26.12.21

As memórias são como as cerejas

 


A propósito de Xian – uma cidade chinesa de 13 milhões de habitantes, célebre pelo seu Exército de Terracota – estar confinada por causa de Covid, lembrei-me dela por outros motivos.

Passei parte da campanha eleitoral para as legislativas de 2005 na China.

Quase no fim da viagem, cheguei a Xian à noite, já bem tarde e nem liguei a televisão. À hora marcada para o despertar, a dita televisão estava programada para acender automaticamente e, por uma gentileza do hotel, sintonizada num canal do país de cada hóspede. Foi assim que acordei com Santana Lopes aos gritos, numa Grande Entrevista de Judite de Sousa, plasmado num enorme ecrã mesmo em frente da minha cama. Garanto que foi uma das experiências mais insólitas das minhas digressões de viajante e passaram-se alguns segundos até perceber que estava mesmo acordada, e não em pleno pesadelo, a milhares e milhares de quilómetros!

Daí a uma ou duas horas, enquanto me passeava entre estátuas de cavalos e de milhares de guerreiros, PSL não me saía da cabeça: imaginava-o a cavalo, de espada em riste, pronto a atacar a desgraçada Judite.

Alguns dias mais tarde cheguei a casa, liguei a televisão a tempo de ver, em directo, cenas da campanha eleitoral em curso. Numa delas, perseguia-me o protagonista do meu despertador chinês. Foi então que percebi que tudo estava ligado.
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1 comments:

Monteiro disse...

Que história engraçada, especialmente a gentileza que o Hotel. Nunca em Hotel algum tiveram tal gentileza para comigo e certa vez até confundiram Portugal com Porto Rico.