4.12.21

O passageiro que chegou atrasado

 

«Na hora de bater com a porta da Administração Interna, não teve, porém, a coragem e a decência de admitir que foi, única e exclusivamente, uma vítima da sua própria sobranceria, impunidade e irresponsabilidade políticas. Num exercício propagandístico e autoelogioso, em que exibiu dados estatísticos que nada têm a ver com o caso que o fez abandonar o cargo de ministro da Administração Interna, comunicou ao país que só não saiu antes porque António Costa não deixou. Um agradecimento envenenado a quem, durante demasiado tempo, deu cobertura institucional aos seus desmandos. Porém, a imagem que ficará para a história será a de um ministro que, a propósito da morte de um homem atropelado por uma viatura de Estado que seguia a velocidade excessiva com ele no banco de trás, perdeu mais tempo a dourar as suas conquistas governamentais do que a dirigir-se à família enlutada e a proteger o motorista agora acusado pelo Ministério Público de homicídio por negligência. Não assumiu a sua responsabilidade política, não defendeu a dignidade das funções que desempenhava.»

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1 comments:

Manuel M Pinto disse...

“Cabrita deve ser acusado de homicídio por negligência e falsas declarações”, disse ontem o advogado António Pinto Pereira.
Afirmou ainda que a "decisão não espelha um Estado de Direito". Acusa ministro de mentir de "forma inaceitável e descarada".