5.5.22

A xenofobia encapotada de alguma esquerda

 

«Uma opinião pessoal de um dirigente de uma associação de ucranianos desencadeou a polémica que se sabe e que aqui já abordei. Muitas das reacções de "esquerda" resvalaram para um argumentário xenófobo. Uma, tipo xenofobia boçal e chegófila do "estrangeiro, vai para a tua terra". Outra, mais elaborada, assenta na ideia que um imigrante deve abster-se de emitir opiniões sobre a vida política portuguesa, que aparentemente não lhe diz respeito. "Com que direito é que um estrangeiro vem dar palpites sobre o funcionamento da nossa Democracia", foi um comentário recorrente aqui pelas redes sociais, sendo que no caso em apreço esses comentadores nem se deram ao trabalho de saber se o imigrante excomungado tem a nacionalidade portuguesa, uma vez que reside em Portugal há 20 anos, desde criança.

Ora, gostava de relembrar o seguinte: 
- os cidadãos estrangeiros oriundos de um grande número de Países e residentes em Portugal podem votar nas autárquicas, ou seja, através do exercício do direito de voto estão a participar na vida política portuguesa; 
- a Lei permite que estrangeiros possam inscrever-se em partidos políticos portugueses, remetendo essa adesão para os respectivos estatutos.

Assim, por muito criticável que tenham sido as declarações do "estrangeiro ucraniano", elas devem ser rebatidas no plano político e não com recurso a argumentos de xenofobia encapotada. E também não esquecendo que essas declarações não ultrapassaram a linha vermelha do direito de opinião e liberdade de expressão. Cada um é livre de dizer os disparates que entende, "é a Democracia, estúpido".»

Pedro Abreu no Facebook
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